sábado, 28 de abril de 2012

Céu em chamas

Geralmente, os melhores filmes sobre o Holocausto são norte-americanos. Embora seja um tema convencional, ainda existem produções que insistem em abordar esse fato histórico. Um desses trabalhos é “Céu em chamas”, que traz, além de bom entretenimento fora de Hollywood, a Segunda Guerra Mundial aos olhos dos russos.

Depois que uma aeronave soviética cai em território ocupado pelos nazistas, o piloto Grivtsov, a operadora de rádio Katya e o navegador Linko sobrevivem à queda, mas cada um deles tem destinos diferentes na grande guerra. Ambos terão de cumprir tarefas militares para sobreviverem e tentar encontrar o caminho de volta à base.

“Céu em chamas” carece de uma direção mais experiente ou ousada em relação a sua essência dramática. Exemplos disso são os pequenos deslizes notáveis durante a projeção, como a trilha sonora sem criatividade, a subtrama amorosa que é mal construída e sem emoção e a edição que contém inúmeras transições ruins, de cortes que não deixam a dramaticidade de certas cenas serem concluídas (parecem cortes televisivos antes do intervalo comercial).

Por outro lado, a maioria das situações de combate é bem coreografada, como explosões, tiroteios, fugas e os poucos combates aéreos (os efeitos visuais poderiam ser melhores, mas não comprometem o realismo). Algumas cenas impressionam, como as sequências iniciais e finais, e outras faltam impacto. A trajetória dos protagonistas, contatos sempre de forma linear, também chama a atenção e contagia o espectador pela intensidade do desenrolar dos fatos, seja pelos bastidores do exército alemão ou pelo cenário de guerra.

O filme não foge dos clichês do gênero e, surpreendentemente, os expõe na narrativa de maneira atrativa, sem evidenciar tanto o romance. O olhar russo sobre o Holocausto não difere tanto do que conhecemos de outras produções, sobretudo das norte-americanas, mas a representação do acontecimento é tão eficiente quanto. Aqui, há toda a tristeza dos campos de concentração nazistas e, também, a aura heroica na esperança da sobrevivência e da vitória.

No geral, é uma produção com direção de arte e figurinos convincentes, elenco ‘ok’ e com ritmo denso. Mesmo tendo três horas de duração, o filme não cansa. Ainda que o contexto histórico não exponha tantas novidades (somente mostra a criação de ‘agentes duplos’), “Céu em chamas” proporciona o que o 'povão' procura: divertimento.

Céu em chamas (Ballada o Bombere)
Rússia/Ucrânia, 2011 – 189 minutos.
Guerra
Direção: Vitaliy Vorobyov
Roteiro: Arkadiy Tigay
Elenco: Nikita Efremov, Ekaterina Astakhova, Aleksandr Davydov
Trailer: clique aqui
Cotação: * * *