domingo, 22 de abril de 2012

Rango

Nem tudo que reluz é ouro, mas só porque não brilha não quer dizer que o produto deixa de ser precioso. Diria que “Rango” é uma bijuteria cara, pois tem corpo, boa aparência, tem lá seu charme e se figura bem entre as jóias, mas, o problema, é que ele continua sendo bijuteria. 

“Rango”, a princípio, é uma animação/faroeste que se destaca por seu visual espetacular (com perfeição de detalhes, cores e texturas), pela premissa pouco convencional e por seus momentos autênticos. Entretanto, ao longo da projeção, o filme de atmosfera clássica de velho oeste, que investe em fábula antropomorfizada (animais que vivem civilizadamente como humanos), se transforma em uma colcha de retalhos de clichês dramático-existenciais, cômicos e aventurescos. 

A estória gira em torno de um camaleão de estimação que sofre um acidente e vai parar em um deserto dos EUA. Caminhando sob o sol quente, ele encontra uma pequena cidade e é confundido por um famoso pistoleiro, Rango. Após um ato heróico sem querer, o réptil se torna xerife do local e vê os moradores passarem por uma conspiração política que some com a água que abastece o vilarejo. 

A narrativa de “Rango” oscila situações de pura excentricidade para os adultos com trama previsível e batida para tentar passar lições de moral para a criançada. Falando nisso, o longa não é muito atrativo ao público infantil justamente por ser extravagante e visualmente realístico e, porque não, assustador ao mostrar os personagens (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) de uma forma pouco caricaturada. 

Apesar do roteiro ‘montanha russa’, o filme, no geral, não faz feio e promove bons momentos de metáforas, metalinguagem e faz citações aos montes, que vai desde assuntos ligados ao meio ambiente às referências cinematográficas. Aproveitando o sucesso de “Piratas do Caribe” e de Johnny Deep, o diretor Gore Verbinski trabalhou a voz e os trejeitos de Jack Sparrow no camaleão, o que o tornou uma figura irreverente e carismática. É divertido e vale a pena dar uma conferida! 

Rango 
EUA, 2010 - 107 minutos 
Animação / Faroeste 
Direção: Gore Verbinski 
Roteiro: John Logan, James Ward Byrkit, Gore Verbinski 
Cotação: * * *