“Alexandria” não é só mais um épico que reproduz um grande acontecimento. O filme coloca o dedo na ferida de umas das maiores polêmicas da humanidade, as relações entre política, ciência e religião, a tríade responsável por mudar os rumos da história.
A narrativa mostra a cidade de Alexandria no ano 391 depois de Cristo, em pleno domínio Romano. A protagonista é a cientista e filósofa Hypatia (bem interpretada por Rachel Weisz), que luta para preservar a biblioteca da cidade. Ela, além de ser uma conselheira política, é um dos alvos dos cristãos, que disseminam a religião de forma agressiva em busca do poder político e econômico.
O legal do filme é o contexto histórico, rico em discussões científicas e teológicas. A grande polêmica fica para as ações perturbadoras do cristianismo que entranha nas sociedades até se tornar uma 'engrenagem politicamente corrupta do sistema' e, consequentemente, sendo pivô de guerras religiosas com judeus e pagãos.
A bela reprodução de época com figurinos e direção de arte competentes, os diálogos precisos do bom roteiro e a direção eficiente de Alejandro Amenábar fazem da produção uma obra quase documental. De tão bem feito, parece que tudo aquilo foi filmado naquele período e editado nos dias de hoje para contar fatos que marcaram a humanidade.
“Alexandria” é uma espetacular aula de história que merecia melhor divulgação. É uma pena que tenha sido lançado no Brasil diretamente para as locadoras de vídeo. Se fatos do passado ainda refletem, e muito, no presente, é provável que o ‘sistema’ tenha se incomodado em ser um algoz icônico e ter deixado o longa de fora dos circuitos de exibição.
Alexandria (Agora)
ESP/EUA, 2009 – 127 minutos
Drama
Direção: Alejandro Amenábar
Roteiro: Alejandro Amenábar, Mateo Gil
Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac, Ashraf Barhom, Michael Lonsdale, Rupert Evans, Richard Durden, Sami Samir, Manuel Cauchi, Homayoun Ershadi
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Cotação: * * * * *
