Muito se falou sobre “Jogos Vorazes” em seu lançamento. O filme, que é adaptação do primeiro livro de uma trilogia escrita por Suzanne Collins, foi comparado com “Crepúsculo” e, até mesmo, teve gente que pensou que o longa fosse algo parecido com “Jogos mortais” por causa do título.
Na verdade, na forma literal das premissas, nada tem a ver essa produção infanto-juvenil com as obras citadas, ainda que tenha uma sugestão de triângulo amoroso e de ter jogos que são realmente mortais. A diferença é que a ‘intriga romântica’, aqui, está nas entrelinhas e não há a sanguinolência da autoflagelação promovida por Jigsaw, mas, sim, confrontos que exigem a criação de estratégias de sobrevivência.
“Jogos Vorazes” é uma ficção científica que gira em torno de um reality show, que dá nome ao filme, que integram jovens casais de 12 distritos (ou comunidades pobres fortemente vigiadas) para uma batalha de ‘vida-ou-morte’ em uma floresta em que o grande prêmio é não ser morto. As atenções estão voltadas para Katniss Everdeen (bem interpretada por Jennifer Lawrence), uma garota especialista em arco e flecha que é considerada favorita para vencer o tal programa e que também atrai olhares do parceiro Peeta Mellark (Josh Hutcherson), que se apaixona por ela.
O que era para ser um problema acaba sendo compensado pela boa direção de Gary Ross. A previsibilidade da trama e o argumento clichê do roteiro não impedem que Ross faça um ‘feijão-com-arroz’ bem feito. A ação de ritmo ágil e o mistério dos jogos que se desdobra de forma contagiante fazem do filme um entretenimento agradável. Até mesmo os assuntos tradicionalíssimos do gênero, como sistema totalitário e manipulação de realidade, que remetem aos filmes “Admirável Mundo Novo” e “1984”, estão representados de forma competente na narrativa.
A pegada no futurismo é branda e se resume mais pelos figurinos extravagantes e pela maquiagem cafona da burguesia do que pela direção de arte simplista. A ideia central tem uma atmosfera moderna, mas carece de originalidade temática, já que a narrativa possui a 'esportividade' de “Tron” ou “Gladiador”, a ambientação florestal é no estilo de “Apocalypto” e o controle sobre os protagonistas lembra “O show de Truman”.
“Jogos Vorazes” é a ‘encomenda que saiu melhor que o pedido’ e surpreenderá muita gente que o criticou sem tê-lo visto. A referência romântica citada no início do texto existe, mas está em segundo plano na trama, é pouco convincente e deverá se evidenciar (ou 'crepuscularizar', caso for tratada de maneira fútil) nos próximos capítulos da trilogia.
Jogos Vorazes (Hunger Games)
EUA, 2012 - 142 minutos
Aventura / Ficção científica
Direção: Gary Ross
Roteiro: Billy Ray, Gary Ross, Suzanne Collins
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Stanley Tucci, Wes Bentley, Willow Shields, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Toby Jones, Elizabeth Banks, Donald Sutherland, Lenny Kravitz
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Cotação: * * *
