Para que “Os pinguins do papai” seja um passatempo divertido, antes de mais nada, esqueça que há furos de roteiro e ignore qualquer tipo de pergunta sobre sua ‘coerência narrativa’ para com a realidade. O que importa aqui é Jim Carrey (e os adoráveis pinguins).
A história fala de Tom Popper (Jim Carrey), um corretor de imóveis bem sucedido de Nova York que recebe duas grandes caixas de herança de seu pai, falecido na Antártida. Nelas, há seis pinguins que desestabilizam sua vida comercial, porém, ao mesmo tempo, os bichos são uma injeção de ânimo em sua vida particular ao unir sua família, já que é separado da mulher e não tem uma relação saudável com os filhos.
A narrativa, que investe na linha cômica anárquica e no clichê ‘pai separado que não se dá bem com os filhos’, tem um desenrolar previsível e pouco dramático. A trama tem sua ação concentrada no presente do protagonista e as lições do roteiro usam as reflexões de seu passado para proporcionar um correto ‘happy end’.
Apesar do roteiro ruim e da direção burocrática, a produção tem Jim Carrey e pinguins engraçadinhos (algumas cenas são reais e outras virtualmente bem feitos), o que mantém o interesse do espectador e não deixam o ritmo cair. Claro, os melhores momentos são do comediante, que parece fugir do roteiro por várias vezes ao improvisar algumas boas tiradas cômicas.
“Os pinguins do papai” não é o filme ideal para o talento de Carrey e deve agradar a criançada por sua atmosfera de ‘sessão da tarde’. Se levarmos a sério, os grandes furos do roteiro condenam o longa, principalmente pelas situações que não dão para engolir, como a falta de preocupação das pessoas e das autoridades em relação a ilegalidade das aves marinhas soltas em ambiente civil.
Os Pinguins do Papai (Mr. Popper's Penguins)
EUA, 2011 - 94 minutos
Comédia
Direção: Mark Waters
Roteiro: Jared Stern, John Morris, Sean Anders
Elenco: Jim Carrey, Carla Gugino, Angela Lansbury, Ophelia Lovibond, Madeline Carroll, Clark Gregg, Philip Baker Hall, Dominic Chianese
Cotação: * *
