sábado, 14 de janeiro de 2017

Assassin's Creed

Todo filme tem que funcionar independente de sua fonte de inspiração. As boas adaptações, assim como qualquer outra obra que possui enredo, devem usufruir das características narrativas para contar uma história, sejam elas fieis ou não. O importante é proporcionar argumentos convincentes (dentro da lógica de cada proposta) e, claro, coerência.

No cinema, longas baseados em games são 'tiros no escuro'. Além de serem caros e pouco rentáveis, essas produções até podem agradar aqueles que não têm afinidade com a obra original, mas podem desagradar o seu público alvo por não inserir detalhes narrativos que são importantes dentro do universo do jogo.

Como os games não são muito a minha praia, não posso fazer comparações entre as mídias em torno de "Assassin's Creed", o mais novo filme inspirado em um jogo de sucesso. Contudo, posso apreciá-lo como um produto cinematográfico. A premissa é interessante e passa por todas as linhas temporais para desenvolver a história: a trama é narrada no presente, há toques futurísticos e toda a ação é realizada no passado.

O filme fala de Callum Lynch (em boa atuação de Michael Fassbender), um assassino que é preso e serve como cobaia para um experimento tecnológico e revolucionário que destrava memórias genéticas. O futurismo está aí, quando uma máquina o faz viajar no tempo e experimentar as aventuras de seu ancestral Aguilar, na Espanha do século XV, onde descobre ser descendente de uma misteriosa sociedade secreta. A ação discorre, claro, por causa de interesses de uma organização que usa Callum Lynch para atingir outros objetivos.

Tecnicamente, "Assassin's Creed" é bastante eficiente. A fotografia utiliza diversos tons para situar os momentos temporais e entrega um visual caprichado, em especial quando se trata dos figurinos e da direção de arte que retratam a Espanha do século XV. Ainda que haja bons efeitos visuais e belos travellings, as cenas de ação são legais, mas não empolgam como prometia o trailer. Em algumas sequências há um excesso de cortes rápidos na edição. Isso prejudica a leitura de cena e pode não convencer, principalmente nas lutas, em que a câmera fica muito próxima dos personagens e não valoriza a maneira estilosa dos assassinos.

O roteiro possui problemas. Ele começa e termina de maneira compreensível, mas é confuso em muitos momentos de seu miolo. Algumas ideias e passagens não foram explicadas com clareza. Talvez, falte um pouco mais de didatismo em relação a detalhes que somente os fãs do game possam entender. No geral, "Assassin's Creed" é uma aventura competente e cumpre o que promete, pelo menos para aqueles que não conhecem o jogo: entretenimento.

Assassin's Creed
2016, EUA - 115 minutos
Aventura
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Adam Cooper (II), Bill Collage, Michael Lesslie
Elenco: Michael Fassbender, Brendan Gleeson, Charlotte Rampling, Jeremy Irons, Marion Cotillard, Michael Kenneth Williams, Denis Menochet
Cotação: * * *