sábado, 4 de novembro de 2017

Thor: Ragnarok

Muita expectativa se criou com "Thor: Ragnarok", principalmente por sugerir mudanças dramáticas com relação aos protagonistas e alguma conexão com os eventos de "Vingadores: Era de Ultron" com o inédito "Vingadores: Guerra Infinita". Entretanto, não é bem por aí que se deve analisar os fatos. O filme é mais uma aventura do 'Deus do Trovão', aliás, comédia!
 
Sim, "Thor: Ragnarok" é uma comédia de aventura. Essa essência pode pegar desprevenido o fã que espera um pouco mais de seriedade, afinal de contas, o tal ‘Ragnarok’ na mitologia nórdica significa apocalipse.

Apesar de ampliar o bom humor na ‘cartilha Marvel de fazer cinema’, o longa é uma metralhadora cômica, seja ela situacional ou textual. O tom de sátira e galhofa, peculiar do diretor neozelandês Taika Waititi que assina a produção, por incrível que pareça, se encaixa bem na trama na maioria das vezes, assim como a curiosa estética multicolorida inspirada na paleta de cores de Jack Kirby, um dos mais renomados quadrinistas da editora.

De fato, ao compararmos com outros produtos Marvel, há um excesso de comicidade e algumas gags beiram o nonsense, mas isso não prejudica o andamento dos acontecimentos na história. Até nos momentos em que se exige uma dramaticidade maior, o humor deixa tudo mais leve e despretensioso. No entanto, é preciso comprar essa ideia pitoresca para que o longa funcione melhor e que o aparente desequilíbrio entre drama e comédia não prejudique o entretenimento.
 
A narrativa coloca Thor preso no planeta Sakaar, sem seu martelo, com a missão de retornar a Asgard para evitar a destruição de seu lar provocada pela poderosa Hela, a Deusa da Morte. A jornada de Thor o coloca frente a frente com Hulk - o que explica o paradeiro do 'Gigante Esmeralda' após "Era de Ultron" - em uma arena de gladiadores comandada pelo líder local Grão-Mestre.
 
O roteiro, embora siga à risca o padrão da jornada do heroi, traz novas particularidades do poder de Thor e, também, da mitologia que o cerca. Além disso, o script amarra bem alguns elementos da história de 'Planeta Hulk' junto com as enxurradas de easter eggs. Não faltam referências aos anos 80 (como a estética e a música eletrônica vista em Sakaar), aos quadrinhos de Jack Kirby, aos outros longas do Universo Marvel e, claro, algumas participações especiais.

Se tratando de Hulk, o mesmo está interessantemente diferente, tem certa importância nos planos de Thor e está falante, característica até então inédita do personagem. Seus diálogos são hilários, assim como seu comportamento infantil e explosivo.
 
Sobre os principais personagens, Chris Hemsworth está cada vez mais à vontade como Thor e tem um timing cômico excelente. O ator Tom Hiddleston também se diverte como Loki, mas já teve momentos melhores. A feminilidade está cada vez mais forte no cinema e, aqui, não é diferente. Cate Blanchett arrasa como Hela (que merecia mais tempo de tela) e Tessa Thompson dá um ar de imponência como Valkyrie. Entretanto, há duas figuras que roubam a cena: o ótimo Jeff Goldblum, como o Rei de Sakaar, e o próprio diretor Taika Waititi, que faz a voz e a captura de movimentos do interessante gigante de pedra Korg.

Apesar de não ter sequências de ação memoráveis (as melhores são contagiadas ao som de 'Immigrant song', de Led Zeppelin), a execução das cenas não decepciona e ainda há bons efeitos visuais. No entanto, é inegável dizer que "Thor: Ragnarok" é o melhor filme do 'Deus do Trovão' e um dos produtos Marvel mais divertidos até o momento ao lado de "Guardiões da Galáxia". 

Sobre a conexão com "Vingadores: Guerra Infinita", não há praticamente nada. Ao menos um detalhe liga os filmes de maneira mais direta, como a cena entre os créditos finais.

Thor: Ragnarok
2017 - EUA, 130 minutos
Comédia / Aventura / Ação
Direção: Taika Waititi
Roteiro: Christopher Yost, Craig Kyle, Jack Kirby, Larry Lieber, Stan Lee
Elenco: Anthony Hopkins, Cate Blanchett, Chris Hemsworth, Idris Elba, Jeff Goldblum, Karl Urban, Mark Ruffalo, Tessa Thompson, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch, Clancy Brown, Luke Hemsworth
Cotação: * * * *