domingo, 28 de maio de 2017

Piratas do Caribe - A vingança de Salazar

"Piratas do Caribe" foi de uma simples atração no parque na Disney para uma fonte de dinheiro no cinema de aventura. O primeiro filme, "A maldição do Pérola Negra" (2003), que custou US$ 140 milhões, faturou nos Estados Unidos cerca de US$ 350 milhões e US$ 654 milhões em todo o planeta. O sucesso de crítica e bilheteria, além de impulsionar ainda mais a carreira do astro Johnny Deep, que foi indicado ao Oscar por interpretar o hilário pirata Jack Sparrow (que se tornou um fenômeno midiático), fizeram com que os produtores investissem em continuações.

A ideia foi certeira. A sequência "O baú da morte" (2006), orçado em US$ 225 milhões, fez US$ 423 milhões em solo americano e alcançou a casa do bilhão na bilheteria mundial com exatos US$ 1,066 bi. O terceiro filme, "No fim do mundo" (2007), custou US$ 300 milhões e engordou menos os cofres da Disney ao render US$ 309 milhões na bilheteria doméstica, porém totalizou a carreira nos cinemas em US$ 963 milhões ao redor do mundo se tornando um sucesso. Em 2011, aportou o quarto longa, "Navegando em águas misteriosas" (2011), e o resultado foi insatisfatório nos Estados Unidos, mas compensatório no globo. Os US$ 241 milhões de bilheteria na terra estadunidense foi um fracasso, já que a produção custou US$ 250 milhões. O alento para a Disney foi o faturamento mundial de US$ 804 milhões totalizando US$ 1,045 bilhões.
 
Desde "No fim do mundo", a franquia dava sinais de cansaço. Os filmes eram longos demais, Deep estava repetitivo e as narrativas estavam caindo de qualidade. O quarto longa decretou a mesmice e o insucesso crítico era inevitável. Apesar do marasmo, "Piratas" ainda tinha muita demanda e o pensamento capitalista dos produtores falou mais alto. Para faturar mais um pouco e 'recuperar o prestígio da série', surgiu a quinta parte da aventura de Jack Sparrow: "Piratas do Caribe - A vingança de Salazar".
 
Assim como as duas últimas produções, "A vingança de Salazar" não empolga como os dois primeiros filmes. Deep, no piloto automático, já não consegue mais surpreender com o seu timing cômico e as trapalhadas de Sparrow até divertem, mas não são tão engraçadas como antes. Além disso, faltou um roteiro com foco e profundidade melhores, sobretudo no argumento para as ações principais, na subtrama que envolve o Capitão Barbosa (novamente interpretado pelo ótimo Geoffrey Rush) e na construção do vilão Salazar (boa atuação de Javier Bardem), que está sempre em segundo plano e em nenhum momento demonstrou ser ameaçador ou assustador.
 
No entanto, o longa se mostra uma aventura competente para uma 'sessão da tarde'. Ainda que tenha uma direção burocrática da dupla Espen Sandberg e Joachim Rønning, responsáveis pelo longa norueguês de sucesso "Expedição Kon Tiki" (indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2013), a narrativa nunca fica cansativa e as cenas de ação espalhadas de forma equilibrada durante a projeção não deixam o ritmo cair. Além disso, os bons efeitos gráficos são convincentes e a engenharia de som é um primor. O uso constante de subwoofers e a edição de som ajudam no realismo e na espetacularização das cenas. Tecnicamente, não há de se queixar da produção que sempre apresenta maquiagens, figurinos e direção de arte impecáveis.
 
O único ponto técnico ruim é a trilha sonora de Geoff Zanelli que não consegue dar uma 'nova identidade sonora' ao longa. Os bons momentos da trilha é quando o tema original de Klaus Badelt aparece para nos lembrar que o que vemos é um produto "Piratas do Caribe".
 
No desfecho, quem se lembrar dos filmes anteriores, vai logo perceber a ponta para uma sexta aventura que pode sair logo dependendo do sucesso de "A vingança de Salazar", que teve orçamento de US$ 230 milhões. Não saia da sala de cinema sem antes assistir uma cena após os créditos finais.
 
Piratas do Caribe - A vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales)
2017, EUA - 129 minutos
Aventura
Direção: Espen Sandberg e Joachim Rønning
Roteiro: Jay Wolpert, Jeff Nathanson, Stuart Beattie, Ted Elliott, Terry Rossio
Elenco: Brenton Thwaites, Geoffrey Rush, Javier Bardem, Johnny Depp, Kaya Scodelario, Orlando Bloom, Keira Knightley, Paul McCartney
Cotação: * * *